Para governo, Brasil não precisa de consolidação em telecom

26/03/2015 14:30

Ao alinhar o Brasil à dinâmica de mercado internacional de telecomunicações, o banco Merrill Lynch sustenta que a consolidação já observada na Europa chegará inevitavelmente ao país. O governo, no entanto, acha que não. Ao contrário, vê espaço para todos em um mercado cada vez maior.

“Existe mercado suficiente para todos terem escala e capacidade de investimento? Acredito que sim. A presença da atividade de comunicações tem um sentido muito mais amplo que 10 ou 15 anos atrás, quando comunicação era voz e algo de dados, hoje a logica é da integração cada vez mais de todas as tecnologias”, diz o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini.

Para o ministro, o mercado brasileiro comporta ainda mais, não menos, concorrência. “Falar em competição demais ou de menos é muito relativo, pode ter cenário de competição que não se efetiva por prática de mercado. Acredito que há uma competição agressiva por parte das empresas naquilo que aparece para o consumidor, mas nem sempre isso se revela na prática”, afirma.

O debate foi colocado no 40o Encontro Telesíntese, nesta terça, 24/3, montado para discutir exatamente a concentração no mercado. Ali, o Merril Lynch pontuou que as tendências que levaram a fusão de operadoras no exterior existem no Brasil – possivelmente em até maior grau.

“A margem média global de telecom é 35%. No Brasil, entre 25% e 30%. Já a receita por usuário é parecida, assim como a necessidade de investimento. Se a Arpu é parecida, se o Capex é igual ou maior, mas a rentabilidade é menor, é evidente que o retorno sobre o investimento é menor, o que suporta ainda mais o case pela consolidação”, diz o analista Maurício Fernandes, do banco de investimentos.

Pesa nessa equação o fato de que a única forma de diferenciação que as operadoras vem buscando é pela qualidade das redes – e, portanto, pela manutenção em nível alto dos investimentos. Além disso, os números sugerem que o tráfego de dados está substituindo os serviços de voz.

“Embora algo promissor, por enquanto o mercado de transmissão de dados é desapontador do ponto de vista do investidor, um mero substituto da voz. Cria uma receita nova, mas pouco disso é novo de fato. No Japão, dados representam perto de 70% da receita da telefonia móvel, mas o bolo é praticamente o mesmo desde 2007”, diz o analista do Merrill Lynch.

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