TV interativa: Brasil 4D fará novos testes em SP e MG com foco em educação

05/07/2015 14:02

O “Brasil 4D”, projeto criado e desenvolvido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC) para oferecer serviços interativos por meio da televisão pública e digital, aguarda a homologação das características do conversor digital, aprovadas pelo Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (Fórum SBTVD) no início de junho, para ser testado em outras televisões públicas. 

O objetivo da equipe que desenvolve o projeto é acrescentar novas funções que possam ser integradas aos conversores de sinal que serão distribuídos aos beneficiários do Programa Bolsa Família.

“Estamos em contato com a Rede Minas, de Minas Gerais, e a TV Cultura, de São Paulo, para continuar os testes com os telespectadores que integram o programa Bolsa Família do governo federal”, explica André Barbosa, coordenador-geral do Projeto Brasil 4D e superintendente executivo de Relacionamento da EBC. A expectativa da equipe da EBC é que os testes sejam retomados antes de novembro, quando será feito o desligamento do sinal analógico de TV em Rio Verde (GO).

Nas duas vezes em que foi testado – em João Pessoa, na Paraíba (2012-2013), e em dois municípios do Distrito Federal, no ano passado –, o Brasil 4D permitiu que os beneficiários do Bolsa Família fizessem consultas sobre vagas de emprego, capacitação profissional e outros serviços públicos nas áreas de saúde, educação, segurança e transporte, além de serviços bancários e cursos técnicos.

Os resultados dos testes proporcionaram ao projeto inúmeros prêmios nacionais e internacionais – incluindo o conceituado “Prêmio Frida”, em 2014, oferecido pelo Fondo Regional para la Innovación Digital en América Latina y el Caribe.

Boletim escolar na TV

A novidade nos novos testes - que devem ser iniciados com cem famílias em Belo Horizonte - tão logo seja sacramentado o acordo entre a EBC e a Rede Minas, é focada na educação. “Os pais vão poder acessar o boletim escolar do filho pela televisão e, constatada dificuldade em alguma disciplina, acessar a aula de reforço na própria TV, usando somente o controle remoto e sem necessidade de conexão com a Internet”, exemplifica Barbosa, acrescentando que as aulas de reforço ainda estão em estudo e dependem de um acordo com a Telecomunicações Brasileiras S.A. (Telebrás) para que seja liberado espaço em uma nuvem da empresa estatal para o armazenamento de dados.

Tanto a Rede Minas como a TV Cultura, de São Paulo, aguardam a homologação do conversor de sinal, em análise na Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) até o início de agosto, para começar os testes. Segundo Gilvani Moletta, diretor técnico da TV Cultura, a emissora paulista também tem interesse em desenvolver aplicativos voltados para a educação.

“Temos grande interesse em criar recursos no Brasil 4D que possam ser inseridos no canal da emissora destinado a educação”, enfatiza Moletta. A TV Cultura de São Paulo (canal 6.1), por ser uma emissora pública, possui outros dois canais digitais: o 6.2, destinado a programação educativa, e o 6.3, onde está armazenada todo o acervo cultural da emissora.

Na TV Cultura, de acordo com Moletta, a ideia também é criar mecanismos para que os pais possam acompanhar o desempenho escolar dos filhos pela televisão. No entanto, enquanto na Rede Minas o objetivo é armazenar aulas de reforço em uma nuvem de dados, o pessoal da Cultura pensa em integrar os resultados a ações de Organizações Não-Governamentais (ONGs), ou entidades comunitárias, que atuariam juntamente com pais e professores para auxiliar na educação da criança.

O Brasil 4D é o primeiro projeto de uma televisão pública do mundo a oferecer serviços por meio da televisão aberta, digital e interativa. Desde que foi testado em João Pessoa (PB), ganhou relevância e notoriedade, transformando-se numa referência em programas de integração social e redução de desigualdades.