Operadoras diminuem subsídios, dólar sobe, mas vendas de smartphones superam expectativas
No primeiro trimestre, o mercado brasileiro registrou vendas de 14,1 milhões de smartphones, ou seja, 33% a mais na comparação com o mesmo período do ano passado, e 1,2 milhão de feature phones, queda de 54%.
Os números fazem parte do estudo IDC Mobile Phone Tracker Q1 e ficaram acima das expectativas da consultoria, que previa a venda de 13,5 milhões de smartphones entre os meses de janeiro e março. E ocorreram mesmo em função da alta do dólar e da diminuição de subsídio por parte das operadoras. Nos próximos meses, porém, a IDC acredita que deve haver uma desaceleração por conta da baixa atividade econômica e do impacto cambial.
“Tradicionalmente, o primeiro trimestre não é um dos mais fortes para o mercado. Neste ano, mesmo com a atual conjuntura econômica, com taxa de juros e inflação alta e desemprego, o resultado foi positivo”, afirmou Leonardo Munin, analista de pesquisas da IDC Brasil, que atribui esse movimento a dois fatores: a alta do dólar obrigou os fabricantes a fazerem um primeiro repasse de preços no começo do ano e outro em março; e o canal de vendas que já sabia desta possibilidade e antecipou as compras.
Outra constatação do estudo da IDC é de que os preços dos aparelhos intermediários ficaram de R$ 30 a R$ 60 mais caros, e os tops de linha tiveram aumento de R$ 100 a R$ 200. “Isso acontece devido à alta do dólar e ao fato e o Brasil não ser um País que tem insumos suficientes para atender a demanda e, por isso, exporta muitas peças”, avaliou Munin. Em relação à faixa de preço, os smartphones intermediários – que custam entre R$ 450 e R$ 999 – foram os mais vendidos e o ticket médio ficou em R$ 790.
Outra movimentação destacada pelo analista da IDC Brasil é em relação ao varejo. Com as operadoras, que até então ocupavam o posto de principal canal de vendas, oferecendo cada vez menos subsídios para o consumidor, há uma migração para o varejo físico e online. “O fluxo de vendas nos varejos tradicionais continua forte. Notamos também um grande crescimento de lojas e quiosques das próprias marcas, que possuem uma alta produtividade por metro quadrado fornecendo ao usuário um atendimento mais direcionado e especifico, tornando o consumidor mais propício a realizar sua compra”, destacou o analista.
Para 2015, a IDC Brasil previa vendas de 63.5 milhões de smartphones. Com o cenário de crise, porém, a expectativa caiu para menos de 58 milhões de celulares inteligentes. “Não vemos possibilidade de voltarmos a uma projeção maior. Pelo contrário, ainda podemos prever algo mais baixo. Uma alternativa para os fabricantes é convencer quem tem um feature phone a comprar um smartphone e quem já tem um celular inteligente intermediário optar por um modelo mais top de linha”. Hoje, o Brasil ainda tem uma base instalada muito grande de feature phones – pouco mais de 45% da população ainda tinha esse tipo de celular até o fim de 2014.