Siemens volta a ser proibida de contratar com o governo
A multinacional alemã Siemens – maior conglomerado industrial europeu – voltou a ser considerada inidônea e, assim, impedida de firmar contratos com a União até outubro de 2019.
Na prática, trata-se da retomada da contagem do prazo de uma punição por cinco anos, inicialmente aplicada em 2009, mas que foi três vezes suspensa por decisões judiciais.
O aviso foi publicado pelos Correios nesta sexta, 12/6, no Diário Oficial da União e reflete o fato de que a Justiça não acolheu novos recursos apresentados pela Siemens – com o impacto de derrubar uma cautelar em vigor desde março do ano passado.
A declaração de inidoneidade contra a Siemens tem origem no que ficou conhecido como “mensalão” – o suposto pagamento de mesadas a parlamentares para votarem com o governo. Na época, em 2005, houve denúncia de corrupção nos Correios com a gravação de um vídeo no qual o então diretor de Contratação e Administração de Material, Maurício Marinho, aparece recebendo R$ 3 mil.
A partir daí, a Polícia Federal apreendeu computadores do órgão e descobriu e-mails que mostravam que um diretor da Siemens, Luiz Cox, negociara o pagamento de “comissão” de R$ 150 mil para obter informações privilegiadas e vencer uma licitação de R$ 5,3 milhões para fornecer sistemas eletrônicos de movimentação de cargas. Uma investigação interna dos Correios indicou que procedimento semelhante já acontecera em licitação de 2001, de R$ 25 milhões.
Na gravação, o ex-diretor dos Correios afirmava atuar sob orientação do então deputado federal e presidente do PTB Roberto Jefferson, entendido como quem controlava politicamente a estatal. Jefferson, por sua vez, suspeitou estar sendo alvo de um ataque interno no governo – o PTB era da base aliada – e deu o troco denunciando um esquema de mesadas a parlamentares, batizando-o de “mensalão”. Preso por um ano e três meses – por ter se beneficiado do esquema que denunciou – Jefferson foi solto há cerca de um mês.